quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ascensão e queda da Dinastia Tutakamolesta - Superprodução Assaz Atroz



Esta história começa no Antigo Bregito, mas ninguém sabe para onde vamos (?!), tudo depende da origem e qualidade daquilo que o nosso roteirista tenha fumado ou bebido.

A civilização bregípcia se desenvolveu no Deserto das Idéias, a partir do século XXVI a.C., e durante cinco eternidades relativas foi governada por despóticos faraós.

A sociedade bregípcia dividia-se em duas camadas, a de cima, subdividida em escalões; a de baixo, em escalados.

Empresários, militares e escribas (apelidados pejorativamente de jornalistas) tinham destacada importância na sociedade, que era sustentada pelo trabalho escravo e impostos pagos por camponeses, artesãos, pequenos comerciantes e funcionários públicos.

No Antigo Bregito também existiam poetas e trovadores. Suas obras são verdadeiros legados históricos, sem elas pouco entenderíamos o enredo desta epopéica superprodução Assaz Atroz.

Caetanó, por exemplo, era um dos trovadores que defendia a tese de que “a força da grana” erguia ou destruía coisas belas. Enquanto Chicó, em suas imortalizadas composições, denunciava a exploração do homem pelos autoproclamados semideuses, que submetiam os escravos à mais aviltante condição subumana, estes que erguiam "estranhas catedrais”.

Vejamos dois preciosos papiros do acervo da Fundação Assaz Atroz, neles estão registrados trechos de canções desses trovadores.

Caetanó, que só acreditava na força das moedas de ouro, escreveu esse poema:



Chicó, comprometido com as causas sociais, engajado no movimento pela abolição da escravatura, acreditava que o trabalho é que gerava a grana, e que o trabalhador escravo era quem erguia coisas belas, apesar de estranhas.


No Antigo Bregito, o faraó era considerado um deus. Mas somente ele sabia que isso era um tremendo papo-furado, pois já havia tentado remover montanhas com a força do pensamento, no entanto só conseguira remover dinheiro dos cofres públicos e transferi-lo para suas contas nos paraísos fiscais, tudo à força da corrupção.



O Faraó Efeagá C (o centésimo da dinastia Tutakamolesta, 2002-1964 a.C.), também conhecido como Farol de Alexia, foi um dos mais corruptos soberanos do Antigo Bregito.


(A partir daqui, o espectador deve mentalizar a sinfonia Bolero de Ravel, à maneira de um tema musical da trilha sonora desta magnífica superprodução, até que, na sequência, o assaz atroz sonoplasta indique outra obra)


Durante o reinado de Efeagá C, o primeiro escalão se esbaldava em tutakamolestônicas surubas promovidas pela corte...

...enquanto os trabalhadores escravos eram tratados como feras amestradas em exibição num circo de horrores...

Tudo que se produzia no Antigo Bregito era exportado para os impérios mais ricos, a preço de tâmaras estragadas; por fora, corriam as propinas. Até mesmo algumas das mais imponentes pirâmides construídas pelos ancestrais do faraó Efeagá C foram demolidas e vendidas aos romanos, que aproveitaram os blocos de pedra na construção do Coliseu. (Tema musical em crescendo...)


Foi nesse contexto histórico que surgiu o movimento em prol de eleições diretas para faraó, o Diretas, ó, Já!

(Corte o Bolero de Ravel, substitua por ventos uivantes)

Em 1973 a.C. a União Bregípcia de Escribas começou a falar de um tal Lulah-Alah, presidente do Sindicato dos Ferreiros. O metalúrgico era apontado como insurgente. Lulah passou a pregar em favor da união das muitas centrais únicas de artesãos espalhadas pelo país, até que conseguiu fundar o PT (os registros históricos de que dispomos não revelam o que significava esta sigla, sabemos apenas que seus adeptos eram conhecidos como petistas).

Lulah-Alah pregando num dos oásis do Deserto de Idéias:


O papiro seguinte foi recuperado pela equipe de restauradores da Fundação Assaz Atroz, ele registra trecho da Carta de Princípios, que traçava as diretrizes para a fundação do PT:



Com isso, considerou-se que o PT havia erguido a bandeira de subversão da ordem e se constituído numa das mais sérias ameaças ao tirânico regime tutakamolestista.

Certo dia, Efeagá C estava na universidade, onde fazia um curso de Sociologia. O reitor se aproximou dele e lhe contou, detalhadamente, sobre o movimento sindicalista encabeçado por Lulah-Alah.


Surpreendente foi a reação do faraó ao receber aquela notícia. Todos acreditavam que ele mandaria cortar a cabeça do ferreiro que ousava desafiar seu poder. Porém, ao contrário do esperado, Efeagá C teve uma crise de riso. Riu a bandeiras despregadas.


O soberano mandou lavrar e assinou o decreto que instituiu eleição direta para faraó. A Fundação Assaz Atroz possui cópia original do decreto faraônico:


Decretada a realização do pleito, o PT iniciou sua primeira campanha rumo ao trono do Antigo Bregito, tendo Lulah-Alah como candidato.





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PressAA

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