quinta-feira, 1 de julho de 2010

“Tasso, Zé”?


Raul Longo
Foto: Jasmim Losso Arranz

coitado. Tão feinho e sem viço, só por causa de um vice!
– Vício?
– Não. Vice!
– Hum! Isso é tão perigoso quanto caxumba. Só que funciona ao contrário: vai do saco pra cabeça.
– Precisa ter controle médico...
– O quê? O vírus da caxumba?
– Não. O vício de procurar vice.
– É tudo mentira!
– Tem algumas meias-verdades, com as quais escondem rios de dinheiro desviado do erário.
– Ah, sim! Tem sim. Mas também usam cuecas inteiras.
– Nesse caso está comprovado que dá azar.
– Arruda dá sorte, mas existem casos de efeitos contrários!
– Arruda fede!
– Depende do olfato de quem cheira.
– Por isso o Caçador de Maracujina prefere supositórios, como os mulas que transportam cápsulas de cocaína no estômago.
– Mas que cagão de merda.
– Quem? O Dunga?
– Não, o cafunga.
– É o vício.
– Do Maradona?
– Não! Vício de vice.
– Dias piores virão!
– Aff!
– Do jeito que tá, só Deus! pois o Demo tá cansado de tanta luta inglória.
– No Rio, a Marina da Glória também é conhecida como Marina do Flamengo.
– Que sina a de quem desatina!
– Deveria tentar um vigário.
– Vigário?
– É! Vê lá no dicionário: “vigário: aquele que substitui outro”. O vice.
– Então... vigário está.
– Vigário para-quedista.
– E daí?
– Agrega valores católicos aos preceitos evangélico-eleitorais.
– Não vai dar certo!
– Só as meninas do baixo dão na medida certa. O resto é enganação.
– Pelo visto, formigão, quando quer se perder, cria malas.
– Virgem Santa!
– A Marina?
– Essa hoje parece menos milagreira do que se supunhetava.
– A Abreu abriu...
– Ninguém aguentaria katilinária.
– Então, o Tasso...
– O Tasso já havia mandado um bilhete no qual constava apenas as palavras “Tasso, Zé”.
– Ofereceu-se para ser vice?
– Não, nada disso. Só agora ele decodificou a sua própria mensagem: “Tás só, Zé”. Tirou o time em grande estilo: montou na garupa do jato e se afastou voando...
– Pela vicinal?
– Sim, foi o que alegou: “Vice, não!”
– É que eles insistem na titularidade. Sabe como é, né?
– Sei sim, sei como é isso de ser obrigado a protelar planos de infância. Às vezes a vida passa e nunca se concretizam. Aquilo que poderia ter acontecido ontem talvez aconteça daqui a cinquenta anos.
– Ora, cinquenta anos não passa de um piscar de olhos, quando, einsteinianamente, tomamos como referência a eternidade.
– Quer saber?
– Depende! Se vai falar de vice, prefiro jogar Caça ao Tesouro.
– Caça ao tesouro? Ora, isso é programa de índio.
– Índio que, durante milênios, carregou este país nas costas?
– Não. Índio que prefere montar nas costas dos outros índios.
– Cacique?
– Por enquanto, curumim.
– “Cu” o quê?!

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*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Ponta do Sambaqui, 2886
Floripa/SC. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz


Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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PressAA

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